Após a urna eletrônica, o voto nulo ficou mais difícil
."Os votos brancos e nulos podem anular quando somarem mais de 50%. A eleição em si não é anulada, mas o resultado é ineficaz, não é aceito para designar a escolha do governante. A Justiça Eleitoral, então, marca uma nova data a partir do momento da declaração nulidade ou ineficácia da eleição. Mas hoje, após o advento da urna eletrônica, o voto nulo ficou mais difícil. A máquina trabalha por si. O cidadão traz o voto anotado num papel e aparece o nome e a identificação. É muito mais difícil de efetivamente se equivocar na era do voto digital. (...) Com a Ficha Limpa vamos ter muito voto anulado que foi dado em favor de um candidato que depois teve a candidatura cassada. Mas, ainda assim, é muito difícil que esses votos levem à nulidade do processo eleitoral. Estamos falando de circunscrições muito grandes, uma eleição estadual e outra nacional. Já tivemos situações assim, mas em municípios muito pequenos, quando mais da metade da população votou em um candidato que foi cassado posteriormente."
- Os candidatos a vereador ou deputado mais votados são eleitos: O cientista político do Iuperj Marcus Figueiredo mostra que, em eleições proporcionais, o candidato de um partido nanico pode receber muitos votos, mas ainda assim não ser eleito.
Quem define quantas cadeiras o partido terá é a proporção de voto, e não o candidato
."A eleição para o Legislativo é feita de forma proporcional, o partido mais votado é o que tem o maior número de cadeiras, e dentro da lista do partido os mais votados assumem essas vagas. Quer dizer que se um partido conseguiu voto suficiente para dez cadeiras, por exemplo, na lista do partido assumem os dez mais votados. Então, quem define quantas cadeiras o partido terá é a proporção de voto que partido conseguiu, e não o candidato. Pode acontecer de um candidato de um partido pequeno ter uma votação muito grande, mas não conseguir o quociente eleitoral. De forma simples, o quociente eleitoral é o total de votos dado para um partido dividido pelo número de vagas. Então, se o partido não conseguir o quociente eleitoral, o candidato fica de fora, independentemente da quantidade de votos que o candidato pessoalmente teve."
- Ninguém é entrevistado para pesquisas de intenção de votos: O diretor-geral do Instituto Datafolha, Mauro Paulino, explica os critérios utilizados pelo instituto para representar em pesquisas os mais de 135 milhões de eleitores aptos a votar neste ano.
Nessa eleição, cada ponto acaba valendo dois. As atenções se voltam para os institutos e as contestações são mais frequentes
."O princípio básico da amostragem é que cada eleitor tem que ter a mesma chance de ser entrevistado. Então vem a dúvida: por que nunca fui entrevistado? O TSE mesmo divulgou que são mais de 135 milhões de eleitores. As pesquisas realizadas para intenção de voto têm amostragem entre 2000 e 2500 entrevistas. Então, numa amostra dessa, com 2500 entrevistas, só um eleitor em cada 50 mil é entrevistado. Mesmo que existam diversos levantamentos, a probabilidade de o eleitor participar dessa amostragem é muito pequena. E aí vem outra pergunta: mas como é possível representar um eleitorado desse tamanho? Basta que se respeite as mesmas proporções do universo pesquisado - grupo de idade, escolaridade, divisão por região, porte dos municípios, etc. Existe uma série de procedimentos para fazer com que a amostragem e o total de eleitores estejam dentro dos limites impostos pela estatística, a margem de erro e de intervalo (período em que são feitas as entrevistas). A margem de erro é de dois pontos percentuais e a de intervalo de 95%. Se fizermos 2000 pesquisas simultâneas na mesma data com o mesmo universo, em 95% deles a gente vai encontrar resultados dentro da margem, e em 5% desviaria. (...) Nessa eleição, especialmente, pelo equilíbrio, pela polarização entre Dilma (Rousseff) e (José) Serra acaba sendo mais interessante para os institutos. É uma disputa acirrada e para um crescer precisa roubar do outro. Cada ponto acaba valendo dois. As atenções se voltam para os institutos e as contestações são mais frequentes. Entra não a avaliação racional, mas as paixões partidárias."
O Ibope também segue padrões para a seleção de entrevistados. Segundo a assessoria de imprensa do instituto são levados em conta sexo, idade, grau de instrução e classe econômica, dentro dos setores censitários sorteados previamente.
- Um governante com alto índice de popularidade transfere votos para o seu sucessor (sugestão enviada pelo leitor Pedro Cunha): O cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael lembra que experiências como as do Chile, Estados Unidos e Colômbia mostram que a política quase sempre não é uma ciência exata. Enquanto Michelle Bachelet e Bill Clinton não conseguiram eleger seus sucessores, Álvaro Uribe transferiu sua popularidade ao seu indicado, mesmo todos tendo em comum um governo bem avaliado.
Lula consegue transmitir uma parte dos votos para Dilma, mas não na mesma proporção da sua popularidade
."O caso do Álvaro Uribe na Colômbia e da Michele Bachelet no Chile são os mais recentes. Ambos tinham uma popularidade muito alta, mas a Bachelet não conseguiu fazer o seu sucessor, e o Uribe conseguiu. É difícil criar uma lei ou uma teoria geral porque há muitas implicações. É claro que um governo bem avaliado que indica alguém para ser seu sucessor é um ponto importante na campanha, mas a transferência de votos vai depender também dos adversários na disputa, da conjuntura e, é claro, do próprio candidato e de suas limitações na campanha. O Bill Clinton fez um governo com excelente avaliação, foi reeleito e não conseguiu fazer seu sucessor. Essa é uma grande discussão dentro da campanha deste ano. As pesquisas estão mostrando que o Lula consegue transmitir uma parte dos votos para Dilma, mas não na mesma proporção da sua popularidade. No plano nacional, já existe a indicação que a popularidade está influenciando o processo eleitoral, mas a expectativa era que a transferência de votos fosse maior. O eleitor brasileiro te o conhecimento de que Dilma é a candidata do presidente, mas ainda mostra preferência por outras candidaturas. Já não no plano estadual, ele não está conseguindo fazer isso, como é o caso do (senador Aloisio) Mercadante em São Paulo."
Fnte:G1
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