Os
governos federal e do estado do Rio Grande do Sul lançaram nesta
quinta-feira (12) o Plano Safra RS 2012/2013, em Porto Alegre, capital
do estado. O plano contará com recursos dos governos federal e estadual
para desenvolver a agricultura familiar. O evento, no Palácio Piratini,
sede do governo estadual, contou com a presença; do ministro do
Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas; e da ministra do Desenvolvimento
Social e Combate à Pobreza, Tereza Campello, do governador Tarso Genro,
além de secretários estaduais, deputados e representantes de movimentos
sociais.
O ministro Pepe Vargas aproveitou
para anunciar as medidas do Plano Safra da Agricultura Familiar
2012/2013 voltadas para o Rio Grande do Sul. O Plano foi lançado
nacionalmente na semana passada, pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), em Brasília. No âmbito nacional, o plano prevê recursos
da ordem de R$ 22,3 bilhões para a agricultura familiar na safra
2012/2013, que se inicia neste mês e se encerra em junho do próximo ano.
Apenas para as diversas linhas de
crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), o MDA está alocando R$ 18 bilhões no novo Plano Safra em todo o
país. Para o Rio Grande do Sul será destinado R$ 3,3 bilhões. Deste
montante, a previsão é de que R$ 1,7 bilhão seja alocado para
investimentos e R$ 1,6 bilhão para financiar o custeio das atividades. O
MDA prevê que sejam fechados 250 mil contratos do Pronaf no estado,
para a atual safra.
Os recursos do governo federal se
somam aos do estado – cujo sistema financeiro inclui o Banrisul, o
Badesul e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) –,
que aplicará R$ 2,4 bilhões em crédito para os produtores. O valor é
muito superior ao do ano passado, que foi de R$ 1,7 bilhão. Com os
recursos dos governos federal e estadual, a agropecuária gaúcha –
incluindo agricultores familiares, grandes e médios produtores – contará
com crédito de R$ 16 bilhões para a safra 2012/2013.
A união de forças do estado com o
governo federal foi celebrada pelo ministro Pepe Vargas. “O primeiro
sentido do evento é fortalecer a parceria entre o governo federal e o
Rio Grande do Sul. Com isso, ganha o país e ganha o estado”, declarou
Pepe Vargas. O ministro destacou que, segundo dados do IBGE, a renda
média dos domicílios rurais brasileiros cresceu 13 vezes mais que a dos
urbanos, nos últimos anos. Ele sinalizou que o feito é resultado de
políticas públicas do governo, tanto do MDA quanto de ministérios como o
do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (MDS) e da Integração
Nacional, entre outros. “Políticas como o Plano Brasil Sem Miséria – do
qual o MDA participa –, além de programas como o Água para Todos, Luz
para Todos e Pronatec, têm ajudado a tirar da pobreza e elevar a
qualidade de vida no meio rural brasileiro”, ressaltou o ministro.
Pepe Vargas também enfatizou a
importância da assistência técnica e extensão rural (Ater) para o
desenvolvimento da agricultura familiar. Nesse sentido, o governo gaúcho
se comprometeu a ajudar os produtores de menor renda do estado.
Durante o vento, foi assinado o termo de adesão do Rio Grande do Sul ao
Plano Brasil Sem Miséria, coordenado pelo MDA e que conta com parceria
do ministério no atendimento aos produtores rurais que ganham até R$ 70
mensais per capita. Pelo acordo, o governo federal dará sementes de
milho, feijão e hortaliças aos agricultores, além de fomento não
reembolsável da ordem de R$ 2,4 mil para que eles façam investimentos em
suas propriedades, como a construção de galinheiros e pocilgas, além da
compra de insumos. Em contrapartida, o governo do Rio Grande do Sul
prestará assistência às seis mil famílias de agricultores familiares
pobres do estado. A ação, que visa à inclusão produtiva, social e
econômica das famílias de menor renda, foi comemorada pela ministra
Tereza Campello. “A inclusão é uma estratégia de crescimento e
desenvolvimento do país”, disse.
O governador Tarso Genro realçou a
importância da iniciativa, assim como outras ações do MDA no estado. “A
agricultura familiar é responsável por um percentual grande da produção
no Produto Interno Bruto (PIB) agrário do estado”, afirmou. No balanço
do Plano Safra RS 2011/2012, o governador pontuou que todas as metas
foram cumpridas. Dentre os destaques está o investimento na
infraestrutura de assentamentos rurais – R$ 2 milhões para
infraestrutura básica e R$ 4 milhões para infraestrutura produtiva –,
beneficiando mais de 3,5 mil famílias assentadas.
Geração de emprego
Pepe Vargas também mencionou a
geração de emprego e renda que as ações do ministério trazem. O ministro
chamou atenção para os Mais Alimentos, linha de crédito do Pronaf que
financia a compra de máquinas e equipamentos para os agricultores
familiares. Segundo o ministro, desde que foi criada, há quatro anos, a
linha já financiou a aquisição de mais de 40 mil máquinas. Além de
aumentar a produtividade dos agricultores familiares – consequentemente
sua renda e qualidade de vida – o Mais Alimentos busca desenvolver a
indústria nacional, priorizando a compra de máquinas produzidas no país.
“Essa é uma política industrial importantíssima, que gera emprego e
renda não apenas no meio rural, mas, também, nas cidades”, pontuou. Pepe
Vargas lembrou ainda que o Mais Alimentos traz grandes benefícios ao
Rio Grande do Sul, estado responsável por mais da metade da produção
nacional de máquinas e equipamentos agrícolas.
O ministro também revelou medidas
do Plano Safra nacional que vão beneficiar o Rio Grande do Sul. O
limite de renda para os agricultores familiares acessarem o Pronaf, por
exemplo, foi elevado de R$ 110 mil ao ano para R$ 160 mil. O crédito do
Pronaf Agroindústria, que financia as cooperativas, também aumentou, de
R$ 10 milhões para R$ 30 milhões.
O evento teve, ainda, a
assinatura de outro importante documento formalizando a adesão do estado
ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A partir deste Plano
Safra, governos estaduais e prefeituras poderão usar recursos próprios
na compra direta de produtos da agricultura familiar por meio do PAA.
Antes, apenas a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) podia fazer
as compras, para abastecer seus estoques. A medida beneficia os
agricultores familiares, que passarão a vender mais ao governo. Agora,
os produtores poderão comercializar, anualmente, até R$ 4,5 mil com a
União e mais R$ 8 mil com estados e municípios.
A garantia de compra do governo
federal também foi ampliada por meio do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (Pnae), que prevê que 30% dos recursos recebidos pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a merenda escolar
sejam destinados à compra de produtos da agricultura familiar. O limite
de venda anual de cada produtor familiar por meio do Pnae passou de R$ 9
mil na safra passada para R$ 20 mil agora. Juntos, PAA e Pnae preveem
alocar R$ 2,3 bilhões para a agricultura familiar este ano.
SEAF
Outro programa ampliado é o
Seguro da Agricultura Familiar (SEAF), cuja cobertura de perdas da renda
dobrou, passando de R$ 3,5 mil para R$ 7 mil. Para o Sul, também foi de
grande importância a ampliação do Garantia Safra, que assegura recursos
para produtores de municípios que tiverem perdas superiores a 50% da
produção devido às condições climáticas. O Garantia Safra, que no
passado beneficiava apenas agricultores do Semiárido (Nordeste, Norte de
Minas Gerais e Norte do Espírito Santo), agora passa a valer para todo o
país. A mudança foi muito celebrada pelos movimentos sociais do Sul,
região que registrou em 2012 uma das piores estiagens dos últimos anos. A
medida era uma antiga reivindicação de movimentos como a Contag,
Fetraf, Fetag, MST, Via Campesina e MPA, todos representados no evento.
“A presidenta quer um Brasil forte, e um Brasil forte depende da
agricultura familiar”, declarou o coordenador-geral da Fetraf-Sul, Celso
Ludwig, após agradecer as medidas anunciadas pelo ministro Pepe Vargas.
A determinação da presidenta
Dilma Rousseff também ganhou destaque do ministro Pepe Vargas. “A
presidenta já afirmou que não faltarão recursos para a agricultura
familiar caso a demanda seja maior que o previsto”, disse o ministro.
Ele lembrou que os juros dos empréstimos para os agricultores familiares
são todos negativos – abaixo da inflação –, variando de 0,5% as 4% ao
ano. A medida também segue a orientação geral do governo federal.
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