O relatório do projeto já havia sido apresentado pelo deputado Álvaro Boessio (PMDB) na última reunião ordinária, mas não foi levado à votação devido a um pedido de vista do deputado Gilmar Sossella (PDT). A proposta está apta a ser levada ao plenário nas próximas semanas.
Com o objetivo de assegurar às famílias de baixa renda assistência técnica gratuita para a elaboração de projetos e construção de suas habitações, Carrion apresentou na Assembleia Legislativa o Projeto de Lei nº 46/2009. A proposta, segundo ele, integra-se ao direito social à moradia, previsto pelo artigo 6º da Constituição Federal. "A maioria das habitações no país é de pessoas que ocuparam o terreno e depois construíram do jeito que conseguiram fazer", afirma o deputado. "Assim como existe a Defensoria Pública, que presta atendimento gratuito àqueles que não têm acesso à Justiça, também é necessário assistência técnica a projetos de habitação".
Conforme o parlamentar, em nível federal, a ideia foi apresentada pelo ex-secretário e ex-deputado federal Clóvis Ilgenfritz e retomada pelo deputado Zezeu Ribeiro (PT-BA). No dia 24 de dezembro do ano passado, o projeto foi aprovado, tomando a forma da Lei 11.888. "A partir daí, percebemos a necessidade de que esse projeto tão importante passasse a ter leis que trouxessem para o Estado o que no nível da União já estava garantido", explica.
O texto do projeto assegura assistência a famílias com renda mensal de até três salários mínimos. Abrange todos os trabalhos de projeto, acompanhamento e execução de obras e serviços a cargo dos profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia necessários para a edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária. A execução da lei deverá se dar com recursos da União, do Estado, dos municípios e de instituições privadas e priorizar as iniciativas a serem implantadas sob regime de mutirão e em zonas habitacionais de interesse social.
Déficit habitacionalDe acordo com a Fundação João Pinheiro, ligada ao governo de Minas Gerais, o déficit habitacional no Brasil, em 2005, representava, em números absolutos, cerca de 23 milhões de unidades – 8 milhões de déficit quantitativo (ausência completa de habitação) e 15 milhões de déficit qualitativo (quando a habitação é inadequada). Desse total, o déficit no Rio Grande do Sul soma aproximadamente 600 mil unidades, dos quais mais de 250 mil correspondem ao déficit quantitativo e mais de 350 mil, ao déficit qualitativo.
DebateEm 20 de novembro do ano passado, Carrion participou de debate sobre o projeto no auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do RS (CREA-RS). Segundo o presidente do CREA-RS, o engenheiro civil, Luiz Alcides Capoani, a questão é um desafio a ser alcançado. Segundo ele, é preciso buscar soluções simples eficientes junto aos profissionais da área, para ter o objetivo almejado.
O arquiteto, ex-vereador e deputado federal, Clóvis Ilgenfritz, também lutador pelo direito à moradia, alertou sobre problemas nas políticas públicas de urbanismo e que há muitos anos precisam ser resolvidos.
Durante as intervenções do público presente, foram relatados depoimentos e sugestões para o aperfeiçoamento do projeto.
De Porto Alegre,
Isabela Soares
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