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Burocracia atrasa funcionamento de UTI neonatal em Canguçu

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Burocracia atrasa funcionamento de UTI neonatal no Rio Grande do Sul
Uma grávida teve que esperar dois dias para conseguir atendimento e ainda enfrentou uma viagem de mais de 500 km para dar à luz os filhos gêmeos. Só que mais perto da cidade onde ela mora, havia uma UTI pronta.

O Jornal Nacional mostrou na segunda-feira (24) a história de uma brasileira grávida que teve que esperar dois dias para conseguir uma UTI neonatal e ainda enfrentar uma viagem de mais de 500 quilômetros para dar à luz os filhos gêmeos. Os nossos repórteres descobriram que mais perto da cidade onde Elisiane mora havia uma UTI pronta, e parada.

Na casa emprestada por um funcionário do hospital onde a filha está internada em Novo Hamburgo, Dona Neiva tenta se manter confiante. Os netos estão se recuperando. A filha, Elisiane, ainda corre perigo, mas o estado de saúde dela melhorou. “A gente está confiante. A partir de hoje ela vai começar a reagir, a gente tem muita fé em Deus”, diz Dona Neiva.

Com a bolsa rompida desde sexta-feira (21), Elisiane San Martin sofreu por dois dias e teve que viajar mais de seis horas em uma ambulância para dar à luz os filhos gêmeos no final da tarde de domingo (23).

“É uma porta de entrada para bactérias e quanto mais horas de bolsa rota tem, maior a chance de infecção que é o ponto que ela chegou aqui quando foi internada”, explica a médica Rosemeri Nunes.
 
Quase 60% dos leitos de UTI neonatal do Rio Grande do Sul estão concentrados na Região Metropolitana de Porto Alegre. Mas a viagem de Elisiane poderia ter levado a metade do tempo. É que em outro município da região sul do estado, mais perto de onde a família mora, uma UTI neonatal está pronta para entrar em funcionamento.

De Santa Vitória do Palmar, onde Elisiane estava, até Novo Hamburgo foram mais de 530 quilômetros. Até Canguçú, seriam 280. O hospital de caridade conta com equipamentos e funcionários para colocar em operação imediatamente dez leitos de UTI neonatal pelo SUS. Um investimento de R$ 1,2 milhão de verbas públicas e do próprio hospital.

“Nós temos condições de ser referência no que se refere à gravidez de alto risco, atendimento de crianças prematuras e neonatos com patologias. E atendendo um grande número de pessoas na nossa região”, garante Fernando Gomes, superintendente do hospital.

Segundo a Secretaria de Saúde do estado, o primeiro pedido para credenciamento aconteceu em janeiro, mas somente em abril a Vigilância Sanitária vistoriou o local e pediu alterações. Depois das mudanças, o credenciamento foi encaminhado ao Ministério da Saúde, em setembro.

A Secretaria de Saúde diz que o processo é demorado para garantir a segurança do procedimento. Agora ainda falta o Ministério da Saúde publicar a autorização no Diário Oficial para que a UTI entre em operação. Enquanto isso, o hospital assume riscos.

Miguel nasceu de sete meses e deveria estar na UTI neonatal. Os médicos tiveram que deixá-lo em uma das unidades do berçário, sem os instrumentos adequados.

“Poderia ter perdido o nenê, com todo o equipamento do lado, a menos de 50 metros”, alerta o pediatra Benhur Corrêa.
 
O Ministério da Saúde informou que o pedido de habilitação da UTI só chegou ao setor responsável no dia 11 de outubro e que o processo ainda está dentro do prazo de análise.

O uso das fotos produzidas pelo Blog Em Questão é livre. De acordo com a legislação em vigor, é obrigatório registrar o crédito. Ricardo Moura / Em Questão

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