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Canguçu com altos índices de suicídio

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Dos 20 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes que possuem os índices de suicídio mais altos, dez encontram-se no Rio Grande do Sul. Fazem parte da triste estatística Venâncio Aires, Santa Rosa, Lajeado, São Borja, Uruguaiana, Sapiranga, Canguçu, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo e Vacaria. A informação foi divulgada ontem, durante o lançamento do Manual de Prevenção ao Suicídio, um projeto da Secretaria Estadual da Saúde em parceria com o Hospital Mãe de Deus que pretende auxiliar na capacitação dos profissionais de saúde.

A maior preocupação é com a zona agrícola. Embora não seja um fator determinante, os dados mostram uma incidência maior de casos em pessoas que lidam com agrotóxicos, principalmente no cultivo de fumo. Além disso, com a distância, fica mais difícil para o sistema de saúde identificar as situações de risco e iniciar o adequado tratamento antes da primeira tentativa.

Segundo o psiquiatra Ricardo de Campos Nogueira, coordenador do Centro de Promoção à Vida e Prevenção do Suicídio do Hospital Mãe de Deus, em cerca de 80% dos casos a pessoa resolve se suicidar dentro de casa, em um galpão ou no próprio quarto. “Poderemos salvar algumas vidas se houver a identificação e a internação, pois apenas 16% dos suicídios ocorrem em clínicas e hospitais. Os outros 4% são na rua, como atropelamentos e quedas”, comentou.

O profissional explica que a ideação suicida é muito mais comum do que se pensa. O preocupante é quando se passa da ideia ao planejamento, como compra de armas de fogo, cordas ou venenos. E Nogueira alerta: o risco maior não é durante a depressão, já que nessa fase a apatia quase sempre impossibilita a reação. “O problema é quando a pessoa reage e começa a se mexer. Principalmente naqueles que variam entre a euforia e a depressão de uma forma muito rápida”.

Os dados sobre o assunto no Estado ainda estão longe do ideal, principalmente porque alguns municípios ainda mandam informações incorretas. Quando mandam.

Para Tânia Santos, coordenadora do Núcleo de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (NVDant), a notificação correta é essencial para traçar o perfil da vítima e dimensionar a demanda de atendimento de emergência. “Por enquanto, não temos estatísticas confiáveis, mas já é alguma coisa para quem não tinha nenhuma informação”, comentou.

Com melhora no atendimento psicológico, município de Candelária vira exemplo

Em 2010, segundo informações preliminares do sistema, ocorreram 1.035 suicídios no Estado. A boa notícia é que, desde que o Centro de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio foi implantado, em 2009, houve uma redução de 11% no número de mortos. Candelária é um município modelo quando se trata de prevenção. Com 30 mil habitantes, a cidade chegou a registrar uma média de sete suicídios por ano antes da implantação do programa. Em 2010, foram apenas três.

A solução foi melhorar a rede de prevenção, que agora conta com o importante auxílio da Emater para a identificação dos casos de risco na zona agrícola. “Não tivemos quase nenhuma despesa, foi realizada apenas uma reorganização. Uma dessas mudanças foi com relação ao atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps)”, comentou a secretária municipal de saúde, Aline Trindade. Agora, profissionais do Caps realizam visitas domiciliares e o tratamento é feito com base em medicamentos retirados na farmácia do município. Também foram elaborados folhetos com explicação sobre medidas de prevenção para serem distribuídos entre as famílias.

Os jovens de Porto Alegre mereceram atenção especial do estudo. Cerca de 36% da população entre 15 e 19 anos possui sinais de ideação suicida de desesperança no futuro. Juntamente com Curitiba, é o mais alto índice no Brasil. “É um alerta de que algo precisa ser feito”, comentou Nogueira.

Link de Origem : Jornal do Comércio
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