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Allan Kardec (Lyon-1804, Paris-1869) |
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nasceu Kardec
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Nascido em Lyon, França, em 3 de outubro de 1804,
numa família respeitável pelas suas virtudes, ele recebeu dos pais uma educação
aprimorada. Pode-se dizer, portanto, que o meio foi o mais propício para o
desenvolvimento de suas boas tendências. Todas as qualidades morais, que
concorrem para formar o homem de bem, foram logo desabrochando no jovem
Hippolyte Rivail e constituíram sempre o fundo de seu caráter.
Quando tinha 50 anos de vida é que começou a estudar
as manifestações dos espíritos; era já um homem experimentado nas lutas da
vida, mas sempre guiado por uma consciência reta. O Espiritismo não lhe veio
trazer a transformação súbita do caráter, não veio modificá-lo de chofre,
dando-lhe imediatamente qualidades que não possuía. Já o encontrou, por assim
dizer, formado. Ele já era um espírito evoluído, com longas experiências e
missões de outras vidas, perfeitamente aparelhado, portanto, para desempenhar a
nova missão que trazia.
Na vida, a coragem nunca lhe faltou. Ele não
desanimava nunca. A calma foi sempre uma das feições mais salientes de seu
caráter. Ficando logo arruinado, perdendo toda a sua pequena fortuna no começo
da vida, sempre exercitando a caridade, e, já casado com a mulher, que foi
depois incansável na propaganda de suas ideias, ele consegue por meio de um
labor obstinado readquiri-la quase toda no ensino, escrevendo ao mesmo tempo
trabalhos didáticos, fazendo traduções de obras estrangeiras ou preparando a
escrituração de estabelecimentos comerciais. Ainda assim, não lhe faltava a
coragem para fazer benefícios à mocidade pobre, abrindo cursos gratuitos de
ciências e línguas. Era essa mesma coragem que ele devia mostrar mais tarde, no
momento tempestuoso da formação da doutrina, recebendo sempre com a maior
serenidade, sem nunca revidá-los, os ataques mais veementes dos adversários, as
injustiças e as ingratidões dos amigos. As cartas anônimas, as traições, os
insultos e a difamação sistemática, perseguiram esse homem laborioso. Tudo,
porém, ele sabia perdoar.
De um humor às vezes alegre, mas brilhante, tinha um
talento especial para distrair os amigos e convidados, que os tinha sempre em
casa, dando algumas vezes certo encanto às reuniões. Quem contempla seu retrato
não pode ter a idéia do que foi seu caráter, não pode imaginar que naquela
figura vigorosa, de fisionomia tão austera, aparentando antes uma rigidez
exagerada de sentimentos, pouco disposta a perdoar faltas, se escondia uma alma
tão boa, tão simples e tão generosa.
O princípio, enfim, que constitui para o Espiritismo
o fundamento de sua moral: “Fora da caridade não há salvação”, pode-se garantir,
foi sempre a sua bandeira. “Faço o bem quanto o permitem minhas condições, já
dizia ele num antigo documento encontrado entre seus papéis, presto os serviços
que posso, nunca os pobres foram enxotados de minha casa, nem tratados com
dureza, antes são acolhidos com benevolência. Continuarei a fazer o bem que me
for possível, mesmo aos meus inimigos, porque o ódio não me cega,
estender-lhes-ei sempre as mãos para os arrancar aos precipícios, quando para
isso se me oferecer ocasião."
(Fonte: Allan Kardec e o Espiritismo - autoria de
Chrysanto de Abreu)
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