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Foi o meu pai, mas poderia ser o seu

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Nesta tarde de quarta-feira (31) meu pai, durante a realização de serviços na sede do América Futebol Clube (Sua Paixão) sofreu  uma queda, cerca de quatro metros de  altura, grave, ainda mais para um senhor de 72 anos.
Guerreiro, resistente suportou a ida até a sua residência, com sangramento no nariz, cortes pelo corpo, hematomas pelas costas e muita dor, buscou ajuda em casa, mas  devido as fortes dores viu que existia a necessidade de um atendimento especializado.
Não tive dúvidas, acionei o SAMU, não tinha condições de levar ele até o hospital, preocupações com lesões mais graves são normais nessa hora e sabia da qualidade do atendimento do pessoal de Canguçu, bons profissionais temos no serviço aqui em Canguçu, em alguns minutos meu pai já era deslocado até o Pronto Socorro do Hospital de Caridade de Canguçu.
Na chegada ao Hospital o atendimento por parte do corpo de enfermagem e atendentes foi rápido e eficiente, o médico Dr. Carlos Lelis prestou um atendimento de alta qualidade, devido a altura da queda e a idade avançada de meu pai ele solicitou alguns exames, raio x e duas tomografias e ai começaram os problemas com um paciente atendido pelo SUS.
O responsável pela execução do serviço de radiografia e tomografia afirmou que o serviço de Tomografia ele poderia cobrar R$ 800,00 e que o raio x era de graça, perguntei da possibilidade de ser pelo IPE e ele disse que sairia os R$ 800,00, deste valor não escaparíamos. Sabedor que a obrigação do atendimento de emergência de fornecer os exames gratuitamente pois o hospital recebe do governo federal fui informado que tomografia não está incluída, só particular, no hospital público, com um filho de Canguçu necessitando o serviço só seria feito com o pagamento, mas eu não tinha dinheiro pra pagar!
Em desespero solicitei a remoção de meu pai para outro lugar, queria garantir o atendimento, Dr. Carlos preocupado agilizou a transferência para Rio Grande, meu pai humilhado com a situação queria sair do hospital imediatamente, somente com o deslocamento teria o atendimento gratuito, rotina para quem não pode pagar.
Graças a Deus agora meu pai está em casa, os exames realizados mostraram que fraturas ele não tem, vamos passar a noite de olho e amanhã vamos procurar atendimento em outra cidade, por garantia e para evitar futuras complicações.
A situação nos leva a pensar, o que acontece com quem não pode pagar, se a bendita tomografia por indispensável para salvar uma vida, o que acontece com quem não pode pagar? Ali neste momento pude presenciar a indiferença mundial em que o PAPA Francisco se referia, estamos banalizando as situações, mas e se fosse seu pai?
Mais do que nunca é visível que chegamos ao limite, mudanças urgentes são necessárias, as pessoas querem saúde, uma obrigação do estado, as pessoas querem respeito, uma obrigação de cada ser humano! Se você me perguntar quem é o responsável pela situação eu te digo o que pra mim são as soluções dos problemas:
Primeiramente conforme conversei com o Administrador do Hospital acho que somente virando referencia regional em atendimento em saúde poderemos ter mais atenção dos governos estadual e federal, não podemos dispensar serviços e sim aumentar as especialidades de atendimento.
Na pouca experiência de vida pude presenciar a transformação acontecida no Hospital Tachinni de Bento Gonçalves, o abraço da comunidade para a recuperação do hospital foi o que garantiu sua sobrevivência, desde doações até campanha de prêmios foram feitas para que a entidade pudesse se levantar, no ano de 1989 a situação no hospital de Bento era muito precária, hoje é referencia na região da serra.
Meus amigos é preciso fazer, não importa quem faça, mas faça, não importa de que forma faça, mas faça, eu espero realmente que você não venha a pensar nisso somente quando estiver precisando,  assim como eu, mas a partir de agora vou me preocupar também com o meu vizinho e os problemas que ele possa estar enfrentando.

Ricardo Moura
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1 comments:

Davi Leonardi disse...

Brazil...