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Afonso Motta - Liberdade e Educação

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Num dos tantos debates para interpretar o movimento das ruas e redes, foi interessante a reflexão que se apoiava, é claro, nas novas tecnologias e no aumento instantâneo de informações, mas que defendia a liberdade individual como um novo marco da organização social contemporânea. Esta liberdade é que no conjunto expressa a insatisfação pelos serviços públicos de má qualidade e torna poderosa a crítica contra políticos e governos.
 
Sequer cogita a responsabilidade coletiva, ou pelo menos sua participação. A fazer sentido esta visão é bom considerar, apenas para argumentar, a possibilidade desse estado de espírito e proceder também oprimir e excluir, tanto do ponto de vista político como econômico. Econômico, porque todos aqueles que não têm acesso à tecnologia e informação produzidas pela rede são discriminados e poderão ter menos realização material e profissional.
 
Político, através das rupturas institucionais e intervenções... pela força que atentem contra o processo democrático. Neste contexto, é que estamos todos a indagar sobre as alternativas da sociedade para superar estes desafios.
 
Não restam dúvidas que este cenário surpreendente exige antes de qualquer coisa qualificação dos governos e reforma política. Porque mesmo com a atual precariedade, somente uma determinada política pública será capaz de atender essa nova realidade. Mesmo que em conjunto com um grande pacto em torno de questões de interesse nacional, não há outra possibilidade que não seja o Estado democrático, fé nas instituições e nas leis, sob pena da desordem.
 
Apesar da crise de legitimidade da atividade pública, contaminada por alguns políticos profissionais e corruptos, as possibilidades de constituir uma reação organizada para se opor a esta situação passa pela sociedade. De outra parte, para alterar a massa crítica, fonte de tanta imperfeição, é necessária uma revolução na educação. Principalmente no estímulo a uma nova capacidade para pensar, a partir da formação básica, reforçando o caráter.
 
Para isto será fundamental direcionar os professores para a interatividade com os alunos e seu desenvolvimento integral, bem como respeitar as instituições por mais criticáveis que sejam. É bom saber desde cedo, para não cair na tentação de imaginar uma liberdade sem limites, a prevalência do interesse público, nas escolhas das ações para governar. Enfim, a nova sociedade que está a emergir, apesar da extraordinária tecnologia que sustenta a informação instantânea, mudando com rapidez os cenários, mantém como imprescindíveis os postulados democráticos, sob pena de vivermos no futuro o pesadelo das situações extraordinárias e a insegurança permanente na nossa vida cotidiana.

Afonso Motta, advogado,
Produtor rural e
Secretário de Estado
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