O tabagismo está relacionado a 50 tipos de doenças, como cânceres de
pulmão, da boca e faringe, além de problemas cardíacos, envelhecimento
precoce da pele e disfunção sexual. Para que o número de fumantes no
país caia ainda mais, a prevenção é o ponto mais ressaltado por
especialistas para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado
hoje (29). Para a diretora clínica do Centro Paulista de Oncologia
(CPO), Mariana Laloni, as campanhas voltadas para adolescentes e jovens
devem estar sempre na pauta das políticas públicas.
“Vemos
campanhas nas datas [específicas], não é algo contínuo”, disse a
oncologista. “Dificilmente você vê uma pessoa iniciar o tabagismo com
40 ou 50 anos de idade. A regra é iniciar dos 15 aos 25 anos. Hoje
conhecemos muito mais a doença, quantificamos melhor o risco, temos
ferramentas para diagnósticos mais precoces, melhores tratamentos,
drogas mais direcionadas. Entretanto, não podemos esquecer do
comecinho, que é mais simples e mais barato: educação e prevenção”,
acrescentou.
Conscientização sobre fumo passivo ganha força
Para
o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade, Daniel Knupp, o Brasil tem políticas de combate ao
tabagismo exemplares, como as fotos nos maços de cigarro, a restrição
do fumo em lugares públicos, taxação de impostos sobre a indústria do
tabaco e a proibição de propagandas de cigarro na TV. “Mas é importante
que novas ações e campanhas estejam sempre sendo desenvolvidas.
Precisamos evitar o primeiro contato, as pessoas precisam desde cedo
ter acesso às informações sobre os perigos do cigarro”, comentou Knupp.
Segundo
ele, a expansão da atuação dos médicos de família no território
brasileiro é outra grande ferramenta de prevenção que deve ser
fortalecida, sobretudo entre adolescentes. “Acompanho pacientes de 14,
15 anos de idade, em que fiz o pré-natal das mães deles. Então, o grau
de personalização dessa relação, de intimidade, é muito maior e isso
facilita o debate do tema na consulta ”, contou.
A coordenadora
de Vigilância de Agravo e de Doenças não Transmissíveis e Promoção da
Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta, citou uma série de ações
do governo que têm contribuído para a queda contínua do número de
fumantes no país, sobretudo a partir de 2011, com o Plano de
Enfrentamento a Doenças Não Transmissíveis. No caso dos adolescentes,
Deborah citou como inciativas de prevenção a proibição da propaganda de
cigarro, a taxação alta da indústria do tabaco, que aumenta o preço do
cigarro, a advertência nos maços, com alertas e fotos de impacto, e o
Programa Saúde na Escola.
“Há uma parte dedicada à prevenção do
uso do tabaco, com materiais e suporte para os profissionais de saúde e
educação, para que sejam capacitados a abordar esse tema com os
adolescentes”, comentou. “Nossa pesquisa de 2012 mostrou que a
prevalência do tabaco na adolescência é em torno de 5%. Essa é a menor
prevalência das Américas, depois apenas do Canadá”, informou Deborah.
Dados do ministério mostram que em 2006 a prevalência de fumantes era 15,6% e, em 2013, esse percentual caiu para 11,3%.
“E
com uma queda sustentável, anual, tanto em homens quanto em mulheres,
em todas as faixas de escolaridades, em todas as faixas de idade e em
todas as regiões do Brasil. Nossa meta é reduzir em mais 30% a
prevalência de fumantes até 2022”, disse ela.
Editora: Graça Adjuto
Flavia Villela - Agência Brasil
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