Brasília – A necessidade de diversificar as fontes de financiamento
das mídias públicas e as diferenças conceituais entre jornalismo
público, estatal e governamental foram os principais assuntos discutidos
hoje (30) durante o Seminário Internacional Mídias Públicas: Desafios
para o Século 21. O evento reuniu representantes de canais públicos de
comunicação nacionais e internacionais que apresentaram diferentes
modelos de gestão adotados por essas empresas em vários países.
A presidenta da Empresa Brasil de Comunicação (EBC),
Tereza Cruvinel, destacou que a troca de experiências com sistemas
públicos mais consolidados e outros também criados mais recentemente,
como o brasileiro, é especialmente importante neste momento em que a EBC está construindo o novo manual de jornalismo para seus canais públicos.
“Construir um manual de jornalismo não é apenas fazer um livro. É
responder a todas essas questões: como deve ser o jornalismo, quais as
regras norteadoras, como deve ser a participação da sociedade, como
eleger nossas pautas, como tratar questões como o direito de resposta.
Todas essas questões do cotidiano nós precisamos definir, e esperamos
que daqui saiam algumas contribuições importantes”, disse.
A ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República, Helena Chagas, ressaltou que os canais públicos são
especialmente importantes no atual momento econômico que o país vive com
a migração de parte da população para a classe média. “Temos muito mais
gente ávida por informação. É uma faixa da população que antes estava
preocupada com as necessidades básicas, como o emprego que ela não tinha
ou o que ela ia comer na próxima refeição. E agora ela está em um novo
patamar, virou consumidor, mas sobretudo cidadão pleno”, declarou.
O jornalista Paulo Markun, ex-presidente da Fundação Padre Anchieta,
mantenedora da TV Cultura, defendeu que os canais públicos precisam
buscar modelos mais modernos de financiamento, inclusive com a
participação da população. Em alguns países os cidadãos pagam uma
contribuição mensal para ter acesso aos conteúdos produzidos pelas
emissoras não privadas.
“Elas [as emissoras públicas] têm que buscar serem mais significativas
para a sociedade. A partir daí a sociedade precisa pagar por essa conta,
seja por doações, contribuições, patrocínio. Hoje as TVs ainda dependem
muito dos orçamentos governamentais”, apontou Markun.
Tereza Cruvinel acredita que, a longo prazo, o financiamento dos canais públicos da EBC
será menos dependente do Orçamento da União, já que há previsão na lei
de que eles recebam recursos do Fundo de Fiscalização das
Telecomunicações (Fistel), que é formado por contribuições das empresas
do setor. Esse repasse está sendo questionado atualmente na Justiça.
Outra fonte de recursos, é a prestação de serviços e a publicidade
institucional.
“A EBC hoje tem fontes plurais: ela tem fonte do
governo, dinheiro das suas receitas próprias obtidas com serviço e
publicidade institucional. Ela faz uma mistura de fontes financeiras.
Mas o que tem assegurado nossa independência mesmo, é o marco legal que
coloca o Conselho Curador ali, que a todo momento nos acompanha, e ele
não é governo, é sociedade”, explicou.
O Seminário Internacional Mídias Públicas: Desafios para o Século 21 é promovido pela EBC em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Programação
Dia 01/07
9h – 13h – Jornalismo em Sistemas Públicos de Radiodifusão: singularidades e desafios comuns
(Moderadora – Nereide Beirão, diretora de Jornalismo, Empresa Brasil de Comunicação – EBC)
• Franklin Martins (jornalista, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República)
• Bettina Peters (Global Forum for Media Development)
• Matthew Powers (New York University)
• Sergio Fernandez Novoa (Télam e Ulan)
• Carlos Eduardo Lins da Silva (jornalista, Projor)
(Moderadora – Nereide Beirão, diretora de Jornalismo, Empresa Brasil de Comunicação – EBC)
• Franklin Martins (jornalista, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República)
• Bettina Peters (Global Forum for Media Development)
• Matthew Powers (New York University)
• Sergio Fernandez Novoa (Télam e Ulan)
• Carlos Eduardo Lins da Silva (jornalista, Projor)
13h – 14h30 – Almoço
14h30 – Conteúdos, Qualidade e Diversidade
(Moderador – Rogério Brandão, diretor de Produção, Empresa Brasil de Comunicação – EBC)
• Soren Johannsen (BBC World Trust)
• Lumko Mtimde (Media Development and Diversity Agency, África do Sul)
• Regina Mota (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
(Moderador – Rogério Brandão, diretor de Produção, Empresa Brasil de Comunicação – EBC)
• Soren Johannsen (BBC World Trust)
• Lumko Mtimde (Media Development and Diversity Agency, África do Sul)
• Regina Mota (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG)
16h30 – Comunicação Pública no Cenário Convergente: desafios e oportunidades
(Moderador – Nelson Breve, superintendente de Comunicação Multimídia, Empresa Brasil de Comunicação – EBC)
• Florencia Ripani (especialista em convergência e meios público, Universidade de Palermo)
• Adelaida Trujillo (Citurna Producciones e Iniciativa de Comunicación – Instituições Gestoras do “Compromisso Nacional por uma TV de Qualidade para a Infância na Colômbia”)
• Nelson Hoineff (Instituto de Estudos de Televisão)
(Moderador – Nelson Breve, superintendente de Comunicação Multimídia, Empresa Brasil de Comunicação – EBC)
• Florencia Ripani (especialista em convergência e meios público, Universidade de Palermo)
• Adelaida Trujillo (Citurna Producciones e Iniciativa de Comunicación – Instituições Gestoras do “Compromisso Nacional por uma TV de Qualidade para a Infância na Colômbia”)
• Nelson Hoineff (Instituto de Estudos de Televisão)
18h30 – Encerramento
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