Pelo menos três projetos de lei foram apresentados
à Câmara dos Deputados com o objetivo de garantir
a imunização da população
brasileira contra a Covid-19, assim que uma vacina contra a
doença for aprovada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa).
As propostas vieram em resposta a falas do presidente Jair Bolsonaro,
que tem se mostrado contrário à
vacinação obrigatória e recentemente
cancelou a compra de doses de vacinas da chinesa Sinovac, que
estão sendo produzidas em parceria com o Instituto Butantan,
de São Paulo, estado governado pelo opositor João
Doria. Bolsonaro chegou a escrever, nesta semana, em uma rede social
que o Brasil não compraria vacina da China.
Obrigatoriedade
Um dos projetos (PL 4992/20) estabelece a obrigatoriedade da vacina
contra a Covid-19, incluindo-a no Programa Nacional de
Imunizações. Pelo texto, a vacina
deverá ter sido aprovada pela Anvisa, com base em
critérios técnicos que assegurem sua qualidade e
segurança.
A proposta é dos deputados do PT Gleisi Hoffmann (PR) e Enio
Verri (PR).
“A imunização contra o novo
coronavírus é fundamental para que grande parte
da população possa ficar imune à
doença. Assim, mesmo aqueles que se contaminem
terão menor risco de passar a doença
adiante”, argumentam os deputados, no texto que acompanha o
projeto. “É dever das autoridades
públicas, assim como dos profissionais de saúde,
conscientizar a população sobre a
importância da vacinação.”
Custos do tratamento
No Projeto de Lei 4987/20, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP)
não prevê a obrigatoriedade da vacina, mas defende
que o cidadão brasileiro que voluntariamente não
se vacinar contra a Covid-19 pague seu tratamento, caso venha a se
contaminar posteriormente com o novo coronavírus.
Frota argumenta que o Brasil tem investido valores
altíssimos na pesquisa de vacinas para conter a Covid-19 e
que esse investimento só é possível em
razão da carga tributária imposta aos
cidadãos.
“Vivemos em uma democracia em que o brasileiro pode ou
não escolher se vacinar. Porém, o Brasil
não pode arcar com os custos de pessoas que por vontade
própria resolvem enfrentar a ciência”,
afirma Frota. “Um brasileiro não pode ser obrigado
a custear as despesas do tratamento de alguém que
não quer, por motivos de foro íntimo, se
imunizar. Não é justo com aqueles que se
vacinaram, nem com o País.”
Segundo o projeto de Frota, o Ministério da Saúde
deverá elaborar um plano para que toda a
população seja vacinada, fazendo expedir uma
carteira nacional de vacinação para a
doença. O documento deverá ser apresentado em
hospitais e outras unidades de saúde vinculadas ao Sistema
Único de Saúde (SUS). Terão de arcar
com o tratamento os que não portarem a carteira e os que
não tiverem se vacinado por vontade própria.
Incorporação imediata
Alexandre Frota apresentou ainda à Câmara outro
projeto (PL 4988/20) para obrigar o Ministério da
Saúde a incorporar imediatamente ao Programa Nacional de
Imunizações todas as vacinas contra a Covid- 19
aprovadas pela Anvisa, não sendo permitida a
exclusão de nenhuma.
“Há diversas vacinas sendo testadas por diferentes
institutos de pesquisa científica de diversas
nacionalidades. A população não pode
ficar à mercê da vontade política de
seus governantes. Ou seja, não pode o governo federal deixar
de proceder ao cadastro de determinada vacina por conta de ela ter sido
pesquisada e aprovada por um estado que faça
oposição ao governo federal”, argumenta
Frota.
Sem compulsoriedade
Em linha oposta aos deputados Alexandre Frota, Enio Verri e Gleisi
Hoffmann, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) apresentou em setembro
à Câmara projeto de lei (PL 4506/20) que suprime a
menção direta à
vacinação compulsória no rol de
medidas que as autoridades poderão adotar, para
enfrentamento da emergência de saúde
pública em razão da pandemia de Covid-19.
O texto altera a Lei 13.979/20, que trata das
ações de combate ao novo coronavírus
no Brasil. “A comprovação
científica da vacina contra a Covid-19 somente se
dará em aproximadamente dez anos, motivo pelo qual a
compulsoriedade da vacinação precisa ser
extirpada da lei”, afirma Bia Kicis.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e o deputado Luiz Philippe de
Orleans e Bragança (PSL-SP) também são
autores de projeto (PL 4966/20) com objetivo semelhante ao de Bia
Kicis. Eles defendem “a livre escolha do cidadão
em se submeter ou não a vacinas experimentais ou sem
comprovação cabal de
eficácia”.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Foto: Depositphotos
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