O que era pra ser o simples respeito a uma lei já criada parece que toma ar de novela Mexicana, e parece longe de terminar, mesmo com a vontade política de todos os grandes partidos do município de Canguçu onde através de suas Juventudes protocolaram juntos no gabinete do prefeito uma carta assinada por todos, mas mesmo assim, ainda nada de concreto.
O Papel do Conselho Municipal de Juventude
Jovem é jovem em qualquer lugar. Esta máxima vale para qualquer parte do mundo, em qualquer continente, qualquer classe social, religião ou etnia. Algumas características básicas do “ser” jovem não variam em lugar algum (ou, pelo menos, entre a grande maioria das sociedades).
Desconheço alguma sociedade que não tenha pelo menos um rito de passagem do jovem para a vida adulta. Até mesmo as tribos mais primitivas acreditam que a passagem para a vida adulta é um dos momentos mais importantes da existência do indivíduo. Mas fora as características comuns entre as sociedades em relação à vida dos jovens, existem também as características próprias de cada local e/ou grupo social. E mesmo as características comuns podem ter suas peculiaridades entre os diferentes grupos.
A realidade da juventude gaúcha não é diferente. Também temos nossos “rituais de passagem”, nossas características regionais, nossos grupos (ou “tribos”), etc. Temos jovens roqueiros, tradicionalistas, pagodeiros, esportistas. Temos jovens estudantes, pais de família, dirigentes, empreendedores, desempregados, em situação de risco, lutando para sobreviver à doenças, presos. Além disto, temos jovens que se diferenciam por suas características regionais. A realidade da juventude da fronteira tem diferenças em relação à realidade da juventude do litoral. A juventude da região metropolitana de Porto Alegre tem diferenças em relação à juventude da serra. Para formular e aplicar políticas públicas de juventude qualquer governante gaúcho deve estar atento à estas diferenças. Isto, porém, não é fácil. Um município com menos de cinco mil habitantes dificilmente tem problemas de criminalidade. As grandes cidades gaúchas dificilmente enfrentam problemas de êxodo rural. Os municípios também possuem suas diferenças internas. A juventude urbana tem diferenças em relação à juventude rural. A juventude das classes de baixa renda tem diferenças quanto a juventude de classes com melhor renda. Então, que instância pública poderia ligar o governo à sociedade e discutir as políticas públicas de juventude com qualidade e universalidade?
A resposta, sem dúvida, aponta para os Conselhos de Juventude. É dentro de um Conselho que governo e sociedade civil debatem juntos as políticas públicas e procuram soluções para os desafios enfrentados pelos jovens. É também dentro de um Conselho que todas as bandeiras de juventude podem se assentar sem a divisão que ocorreria se tratadas em separado por outras áreas do governo, enfraquecendo as PPJs (políticas públicas de juventude). Por exemplo: sabemos que o principal motivo do êxodo rural é falta de uma boa perspectiva de trabalho no campo em relação às cidades. Sabemos também que tanto uma Secretaria de Agricultura como uma Secretaria de Educação ou uma Secretaria de Trabalho ou uma Secretaria de Desenvolvimento, ou outras, podem discutir o problema. Mas dentro de um Conselho de Juventude o debate seria feito em conjunto por todas as partes do Governo e junto com a sociedade civil, principalmente. Um Conselho consegue aglutinar as idéias e debatê-las de maneira democrática, entre representantes do governo e da sociedade civil.
No espaço dos Conselhos de Juventude o jovem consegue ser protagonista de suas políticas e o Governo torna-se parceiro da juventude, superando a atitude paternalista que tem predominado até hoje, que vê os jovens como um problema, e não como indivíduos com potencialidades capazes de protagonismo social. Não adianta os governos apenas punirem e/ou protegerem os jovens. É preciso dar estrutura para que estes realizem e conquistem seus espaços. Para isto é preciso que os Governos conheçam e compreendam a juventude. E os Conselhos Municipais de Juventude têm papel importante neste processo.
Beto Grill vice-governador eleito
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